DEBATE EM PORTO NACIONAL

DEBATE EM PORTO NACIONAL
Quem é Quem em Porto

PROPOSTA MESMO FORAM POUCAS...

Nesta quinta feira aconteceu na Camara Municipal de Porto Nacional o primeiro debate dos prefeituráveis. O debate aconteceu de forma tranquila com a moderaçao do Jornalista Cleber Toledo e a equipe da ASPECTO que está organizando debates nas principais cidades do estado. O debate foi aberto pelo Jornalista Salomão - presidente da ASPECTO.
Uma análise elementar do debate dá conta de que uma polarização está acontecendo entre Tereza e Otoniel, os dois trocaram acusações durante o acontecimento. Tereza mostrou-se evasiva em suas respostas, por sua vez Otoniel mostrou que tem traquejo e repetiu as ações que desenvouveu por 8 anos na cidade.
Dr. Merval desistiu mesmo da candidatuta e seu vice - Rolmey acora é o candidato a Prefito ( o filho do Merval agora é seu vice). Pouco preparado, Rolmey limitou-se a mostrar um livreto sobre suas propostas, mas mesmo ao tentar ler o seu livreto tropeçou nas idéias e não soube colocar com clareza quando perguntado sobre ações para o turismo em Porto Nacional. Outro candidato principiante, Eduardo, teve bons momentos no debate, principalmente quando cobrou de gestões anteriores mais clareza com os gastos públicos. Eduardo também lembrou o uso do poder financeiro na campanha como sendo um ponto negativo.
Na verdade o único a falar de propostas "palpáveis" foi o candidato Carlinhos Braga. Carlinhos comentou que pretende organizar a cidade em áreas administrativas com sub-prefeituras, disse também que sua administração deve priorizar 3 grandes eixos: Do Turismo, Da Cidade Universitária e Do Polo de Industrialização. Carlinhos comentou as estratégias para a implantação destes eixos e comentou que a Cultura, a Educação e a saúde são temas transversais que se posicionam de maneira definitivas nos eixos de desenvolvimento.


quinta-feira, 21 de agosto de 2008

De Editais e Não Éditos

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Escrevo o deserto.
Edmond Jabès
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Jovem escritor de Palmas disse-me de sua decepção com o resultado de certo edital que não contemplara sua obra por ela não apresentar “conteúdo social” relevante. Respondi-lhe que afora o ultraje dessa apreciação, pior seria se de fato ele soubesse que sua obra não atingira os critérios formais estéticos que se propôs. Eu que pensava que tal avaliação “realista” já tivesse se perdido no tempo, talvez em meio aos escombros do muro de Berlim, dei-me conta de como as normas literárias de repente podem ser flutuantes e avançar com a força do vento que corre sobre a cidade. Não posso deixar de imaginar o que fariam os atentos jurados se caísse em suas mãos uma única página de Carlos Fuentes, Günter Grass ou Thomas Bernhard. Que velha literatura a nova cidade de Palmas quer vitalizar? Pergunto-me, pergunto-me e – como leitor e escritor – já me envergonho da resposta. Nossa Senhora da Representação de volta ao altar dos beletristas. Que poderá uma vez mais a fé cega num real já decifrado? Mobilizar leitores cidade afora? Fazer reconhecer aí a nossa face, nos livros que publicamos? Que enredo-espelho daria conta da variedade e do Mesmo que somos? Todos e nenhum. Não se pode impor “democraticamente”, via edital, uma forma de expressão. De identificação, de imitação. Escrever com intenção literária é outra coisa. É uma passagem, trânsitos intensos, mobilização. Não é distinguir, mas fazer perder o rosto na névoa da indiferenciação. Assim foi com Kafka, Céline, Musil. Se preferirem: Clarice Lispector, Osman Lins, Raduan Nassar. Palavras de lugar nenhum. O máximo que fizeram foi escrever bem. É o que se espera de qualquer profissional. Do médico, do engenheiro, do juiz. Se falharem, muitos sofrerão. Aqui há uma zona de vizinhança com a literatura. Grandes autores não surgem por golpe de sorte. É preciso criar os meios para isso. Maiores investimentos em educação, ciência e tecnologia; bibliotecas com acervos atualizados e consultas ampliadas; leis de incentivo à pesquisa e cultura; formação e profissionalização. Sem isso, quanto mais nos desenvolvemos, mais ficamos subdesenvolvidos. O desenvolvimento humano é condição para o econômico. Ou uma vez mais se dará como na descrição de Deleuze de Un royaume vous attend, de Pierre Perrault: os lentos tratores que transportam, desde que amanhece, as casas pré-fabricadas, para esvaziar a paisagem: trouxeram homens para cá, hoje os levam embora. Infelizmente os governos operam máquinas de um “progresso” que resulta sempre em desolação. Não se reconciliam com a Arte e o pensamento impensado que dela decorre, o inventivo, o novo. E a fustigam com suas trinta moedas enquanto apostam tudo na “boa e velha” Tradição. Isso quando não manifestam sua terna piedade e imensa condescendência com a mediocridade. A uma cidade nova importam relações de revezamentos e descobertas com os que fazem e produzem cultura. O modelo precisa ser outro e a conta também. Os editais não podem ser algo como procurar agulhas em um palheiro. Um grande romancista a cada ano. Um grande poeta. Isso não acontecerá nem no Tocantins nem alhures. Os prêmios devem ter abrangência nacional ou pelo menos regional. Oferecer uma quantia significativa em dinheiro, além da publicação da obra por uma editora comercial, garantindo assim sua distribuição e comercialização dentro do setor livreiro. Fazer e publicar livros com intenção literária requer que se observem, acima de tudo, valores estéticos, desejos e imaginários contemporâneos, sem o que, entre todos aqueles que fazem livros, ninguém pode dizer-se escritor.

Ney Ferraz Paiva. É poeta e artista visual. Reside em Palmas, Tocantins.

2 comentários:

André disse...

brilhante! dizer o quê? brilhante!
ney paiva é destes caras que vivem o espaço literário com o corpo inteiro. e isto para lembro o nietzsche: 'de quem importa atravessar o fogo e o deserto pelo que pensamos, não seria mais razoável se o que pensamos fosse a expressão mesma do fogo e do deserto'. andré queiroz

Zacarias Martins disse...
Este comentário foi removido pelo autor.